sábado, 18 de dezembro de 2010

EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA: ESPAÇO PARA A CIDADANIA

os fins da educação humana é importante reconhecer a ação educativa como processo regulador da sociedade humana, tendo esta, o objetivo de preparar os indivíduos para desempenhar seu papel social na vida coletiva, bem como reproduzir suas condições de existência com o trabalho. O eixo norteador de todo o processo de formação do indivíduo está no conjunto das ações educativas desenvolvidas pelos educadores, os quais, a família, escola e sociedade se apropriam.

Preparar os indivíduos para a vida social são atributos de responsabilidade educativa, em consonância com a finalidade da educação no tempo e espaço em que a sociedade se situa. Assim, o período contemporâneo trás no bojo de suas ações educativas um conceito mais amplo sobre os fins da educação, almejando formar cidadãos críticos e autônomos que possam atuar sobre seu meio e transformar sua realidade, em outras palavras, seria o mesmo que capacitá-los para o exercício da cidadania.

Neste sentido, é importante destacar que a educação sempre esteve fortemente ligada ás necessidades da vida política, econômica e social do país, neste caso, a questão da cidadania surge como foco principal no discurso dos educadores e de estudiosos da educação como Paulo Freire, Demerval Saviani, Maria de Lourdes M. Covre, entre outros. Para maior clareza do estudo, na seqüência apresenta-se a definição do termo cidadania e sua aplicabilidade no campo social.

Covre (2001) para esclarecer o que é ser cidadão, recorre ao contexto histórico da formação da sociedade onde, o ponto culminante se encontra na tempestuosa ascensão da burguesia em contraposição ao feudalismo. A partir da revolução Francesa surgem a Cartas Constitucionais e com elas a efetivação do Estado de Direito, o que gera grande conflito, pois provém de objetivos diferentes dos instauradas até o momento no regime monárquico.

Em decorrência disso os movimentos promovidos pela burguesia foram definitivos para estruturar o conceito de cidadania “[...] assim, creio que uma forma de compreender a cidadania é ver como ela se desenvolve juntamente com o capitalismo” (COVRE, 2001, p.21). A revolução Protestante do século XIV representada por Lutero, impulsionou a valorização do trabalho, alegando que o homem não devia trabalhar por trabalhar, mas sim o fazer produtivamente. Essa ideologia influenciou a classe burguesa, estes entenderam que “[...] o empresário deve trabalhar, viver asceticamente e acumular” (COVRE, 2001, p.22). A revolução de 1688 na Inglaterra forneceu meios para dar maior significado ao capitalismo, chegando na França um século depois.

Intelectuais deram suas contribuições para o estudo da cidadania, tais como, John Locke (1632-1704) ao destacar a propriedade do corpo passa a indicar quem realmente é cidadão. Rousseau (1712-1778) quando escreve “O Contrato Social” propõe a preservação dos direitos e deveres de todos os homens e por fim Kant (1727-1804) conceitua sua concepção de cidadania no que diz respeito ao Estado de Direito, pois, segundo ele, este pode assegurar o desenvolvimento necessário para o progresso da humanidade.

Ainda, Covre (2001) ao basear-se no materialismo-histórico, não poderia deixar de citar Marx (1818-1883) que em seus estudos destaca que o trabalhador não escolhe em que condição vai trabalhar enquanto necessita dar alimentação, educação e saúde para sua família, partindo dessas observações denuncia a exploração do homem pelo capitalismo.

Destaca Covre (2001) que no período contemporâneo o conceito de cidadania tomou um aparente aspecto democrático no âmbito do pensamento interno da população, com isso, surgem os sindicatos por meio da organização dos trabalhadores que obtiveram sucesso conquistando a diminuição das jornadas de trabalho e aumento dos salários. O que conseqüentemente provocou reações do poder dominante aumentando a aquisição de tecnologias para diminuir a necessidade de manter o homem no mercado de trabalho.

Para analisar a cidadania no Brasil Covre (2001) traça uma trajetória de análise partindo do período militar. O golpe de 1964 provocou grande declínio nas conquistas democráticas até determinado momento, permanecendo até a década de 80. Para dar aparência de que estava atendendo as necessidades do cidadão o governo promoveu financiamentos para subsidiar a casa própria, a saúde privada, faculdades particulares, entre outras coisas que na verdade atenderam aos aspectos do desenvolvimento levado para o monopolismo, o que atendeu as necessidades de uns e não da população em geral.

Por fim, diante do exposto, é valido acrescentar que para o homem conquistar sua liberdade e autonomia enquanto cidadão de uma sociedade democrática é necessário que se faça revoluções no interior das esferas públicas, o que nas palavras de Paulo Freire (1987) significa sair da posição de oprimido e assumir um papel crítico na sociedade. A concepção do trabalho de Orientação Sexual, como instrumento preventivo da AIDS, da gravidez precoce, do aborto e das DSTs vem passando por inúmeras transformações, encontrando muita dificuldade para introduzir a educação sexual nas escola. Seu espaço está sendo discutido intensamente - seja na família, seja na escola, seja na comunidade. A própria expressão "Educação Sexual" já caiu em desuso, e os especialistas se perguntam: é possível educar alguém sexualmente? Atualmente, o termo mais aceito no meio de Helena Lima, bióloga, psicóloga e mestre em psicologia, é o de Orientação Sexual, campo, aliás, que tem crescido entre os profissionais de saúde e educação. A concepção do trabalho de Orientação Sexual, como instrumento preventivo da AIDS, da gravidez precoce, do aborto e das DSTs vem passando por inúmeras transformações. Seu espaço está sendo discutido intensamente - seja na família, seja na escola, seja na comunidade. A própria expressão "Educação Sexual" já caiu em desuso, e os especialistas se perguntam: é possível educar alguém sexualmente? Atualmente, o termo mais aceito no meio de Helena Lima, bióloga, psicóloga e mestre em psicologia, é o de Orientação Sexual, campo, aliás, que tem crescido entre os profissionais de saúde e educação. Educação Sexual, como qualquer processo educativo, apresenta efeitos e resultados demorados, muitas vezes só observados após muito tempo e, certamente não tem o poder de transformar todas atitudes e comportamento dos jovens.



"O fundamental é a possibilidade de se desenvolver um trabalho educativo positivo, de valorização humana, mesmo que limitado o seu alcance, através de uma intervenção pedagógica adequada, que possibilite ao jovem capacidade de escolha e a eliminação de sentimentos de culpa", explica o Multirio.



Eles alertam, no entanto, para o fato de que, mesmo ressaltando a importância da educação sexual como uma prática educativa de liberdade, esta abordagem nem sempre tem cumprido estes objetivos. "Além de, muitas vezes, limitar-se à veiculação de informações de caráter puramente biológico ou preventivo, no que se refere ao controle das doenças sexualmente transmissíveis, gravidez e outros inconvenientes sociais, pode, também, difundir atitudes repressivas moralistas que impliquem num comportamento reprodutivo adequado à política demográfica". A falta de sucesso da educação sexual se da por conta de não ser uma disciplina como qualquer outra, não, ela deve ser feita com planejamento político pedagógico e ser inserida nas disciplinas. Tanto a saúde como a escola tem falhado quanto essa questão. Palestras não chegam internalizar e assim fica insuficiente para ser chamado de educação sexual. Segundo Paulo Freire a educação sexual deve fazer parte desde o começo da alfabetização.

A Finalidade da Concepção Histórico-Crítica: um novo olhar para a educação


Partir do momento que a democracia se instalou no Brasil, surge à necessidade de uma educação que não descuidasse da vocação ontológica do homem, a de ser sujeito, uma educação que o ajudasse em sua emersão e o inserisse criticamente no seu processo histórico, libertando-o pela conscientização. Essa educação ao significar um esforço para chegar ao homem-sujeito se fixa como ameaça aos setores privilegiados, em que o racionalismo representa perigo. Para ajudar as crianças, jovens e adultos a integrarem nessa educação e cultura é preciso fazer com que estes organizem reflexivamente seus pensamentos, fazendo que assumam formas de ação, também críticas, identificadas com o clima de transição.

O homem é um ser situado e temporalizado, a instrumentalização da educação depende da harmonia entre a vocação ontológica desse ser situado e temporalizado e as condições especiais dessa temporalidade e situacionalidade. Se a intenção da educação é levar o homem á ser sujeito e não objeto, só poderá desenvolvê-la na medida em que conscientizar a população que é preciso refletir sobre suas condições espaço temporais, introduzindo-se nelas, de maneira crítica.

Segundo Paulo Freire (1997), toda prática educativa envolve uma postura teórica por parte do educador. Tal postura, às vezes, implica em uma concepção dos seres humanos e do mundo, onde o processo de orientação envolve, na maioria das vezes, desejos, pensamentos, linguagem e ação transformadora.

Sempre em busca de um humanismo nas relações entre os homens, à educação, sob o olhar de Paulo Freire, tem como objetivo ampliar a visão de mundo do educando, isso acontece a partir do momento que a relação professor/aluno é mediatizada pelo diálogo, não no monólogo daquele educador que acredita saber mais, o qual deposita o conhecimento, como algo quantificável naquele que pensa saber menos ou nada. “A atitude dialógica é, antes de tudo, uma atitude de amor, humildade e fé nos homens, no seu poder de fazer e de refazer, de criar e de recriar” (FREIRE, 1987, p. 81).

Nesse sentido, Freire (1987) confirma que o diálogo parte de três princípios: educador, educando e o objeto de conhecimento. A indissociabilidade entre essas três “categorias gnosiológicas” é um princípio presente no Método a partir da busca do conteúdo programático. O diálogo entre elas começa antes da situação pedagógica propriamente dita. A pesquisa do universo vocabular, das condições de vida dos educandos é um instrumento que aproxima educador-educando-objeto do conhecimento numa relação de justaposição, entendendo-se essa justaposição como atitude democrática, conscientizadora, libertadora, daí dialógica.

Pode-se dizer que os fins da educação contemporânea são conscientizar para a prática democrática, para a formação cidadã e autônoma do homem. Nesse sentido, o educador devera ter uma formação em vista de uma relação pedagógica com sujeitos, trabalhadores ou não, com marcadas experiências vitais que não podem ser ignoradas e, isso tem como finalidade a permanência do educando na escola, pois passará a ver o ensino com conteúdos trabalhados de modo diferente, com métodos e tempo intencionados no perfil do aluno.

Freire (1987) ressalta que a luta pelo direito do ser humano, pelo trabalho livre, pela afirmação dos homens como pessoas, só é possível porque a desumanização não é um destino dado, mas resultado de uma “ordem” injusta que gera a violência dos opressores.

Neste sentido, podem-se ver algumas contradições em relação aos oprimidos e opressores, onde a violência dos opressores torna-os desumanizados, levando os oprimidos, a qualquer momento lutar contra quem os fez menos. Esta luta só tem sentido quando o ser menos, ao buscar sua humanidade, não se sinta também um opressor, mas sim um reconquistador da humanidade em ambos (ser mais e ser menos); sendo aqui a grande tarefa humanista e histórica dos oprimidos e a finalidade da educação para as massas populares, se libertar a si e aos opressores.

Com base no exposto, Freire (1987) propõe na obra Pedagogia do Oprimido sistematizar as necessidades educativas para a sociedade atual, para que a escola colabore para a formação de cidadãos críticos e autônomos, bem como para conscientizar as massas populares de sua libertação, para que não sejam oprimidos pela ideologia dominante.

Freire (1987) considera que vivemos numa sociedade dividida em classes, sendo que os privilégios de uns, impedem que a maioria usufrua os bens produzidos, o autor ainda acrescenta a esse aspecto que a educação é um dos bens produzidos e necessários para a concretização da vocação humana do ser mais, da qual é excluída grande parte da população do Terceiro Mundo. Nesse sentido refere-se a dois tipos de pedagogia: a pedagogia dos dominantes, onde a educação existe como uma prática de dominação e a pedagogia do oprimido, na qual a educação reaparece como prática da liberdade.

Nesse sentido, a pedagogia do dominante é fundamentada em uma concepção bancária de educação, (predomina o discurso e a prática, na qual, quem é o sujeito da educação é o educador, sendo os educandos, como vasilhas a serem cheias; o educador deposita “comunicados” que estes, recebem, memorizam e repetem), da qual deriva uma prática totalmente verbalista, dirigida para a transmissão e avaliação de conhecimentos abstratos, numa relação vertical, o saber é dado, fornecido de cima para baixo, e autoritária, pois manda quem sabe. Na educação bancária o educador é sempre o que sabe, enquanto os educandos serão os que não sabem. A rigidez destas posições nega a educação e o conhecimento como processo de busca.

Insiste Freire (1987) que na educação problematizadora, não se transfere conteúdos, mas sim se compartilha experiências, construindo seres críticos através do diálogo com o educador. Nessa perspectiva, o mundo é visto com uma nova margem, pois, não é algo que se fala com falsas palavras, mas objeto do conhecimento do educando ao qual o sujeito se insere e integra.

Outro ponto importante na discussão de Freire (1987) é o fato de considerar que o movimento para a liberdade deve surgir e partir dos próprios oprimidos, e a pedagogia decorrente será aquela que tem de ser forjada com ele e não para ele, enquanto homens ou povos, na luta incessante de recuperação de sua humanidade. Vê-se que não é suficiente que o oprimido tenha consciência crítica da opressão, mas, que se disponha a transformar essa realidade, dessa forma, trata-se de um trabalho de conscientização e politização.

Neste sentido, a Educação como Prática da Liberdade Freire (1980) propõe uma educação com consciência crítica, ou seja, a criticidade tem que fazer parte da educação, esta que, deve ser feita como prática da liberdade. O homem existe no tempo e na história e tem domínio dos mesmos. É com toda a experiência adquirida durante a história e o tempo que o homem se lança no domínio da história e da cultura. O homem quando lhe falta à liberdade, torna-se um ser acomodado ou ajustado a um sistema imposto com ideologias de imposição.

Paulo Freire fala da sociedade fechada, comandada por um mercado externo, por isso alienada pelo povo, pois é o objeto, não o sujeito de si mesmo. O homem e suas elites vêm pendendo para a sectarização antidialogal porque para eles nada se cria e não respeitam a opção dos outros, se acham os donos da razão e se colocam na história como se fossem os únicos propulsores de alguma coisa. Através deles começa–se a redução do povo a massa, pois para os sectários o povo não conta nem pesa, porque nunca farão uma revolução libertadora porque também não é livre.

O início democrático do país é a humanização do povo brasileiro, sendo esta a finalidade da educação na atualidade, devendo começar pela consciência crítica dessa massa esmagada e alienada, o povo em si. Cabe às elites o senso de verdadeiros representantes dirigentes, que estão cada vez mais se identificando com o povo, comunicando-se com ele pelo seu testemunho e pela ação educativa, só assim, ajudará a sociedade a evitar possíveis distorções a que está sujeita na marca do seu desenvolvimento. Mas não é isso que acontece, cada vez que o povo procura se pronunciar é tido como enfermo e que precisa de remédio e assim é visto que a saúde dessa estranha democracia é o silêncio e quietude do povo.



CONSIDERAÇÕES FINAIS



Por fim, cabe acrescentar que as discussões sobre os fins da educação humana revelam um emaranhado de proposições, ideologicamente fundamentado na massificação e dominação da sociedade, fato que sempre ocorreu no Brasil.

Em contrapartida, atualmente a questão da ideologia dominante está perdendo forças diante das denúncias de educadores e escritores humanitários, entre eles encontram-se as obras de Paulo Freire, o qual desvela as macetas de uma sociedade individualista e opressora, a essência de seus escritos apresenta-se fundamentado na inter-relação entre o sujeito e a situação das políticas sociais e culturais que resvalam para nossa época, é sabido que, em termos de dominação cultural, encontramo-nos acorrentados ao discurso dos que manipulam nossa sociedade á várias gerações, em conseqüência disso somos resultado de um país em que poucos chegam às escolas e às Universidades, poucos tem acesso ao conhecimento crítico.

A proposta de Freire para os fins da educação é que ela seja propulsora do resgate da cidadania em todos os sentidos, lembrando que a principal evasão escolar se dá pela gestação precoce, sem contar o número de óbitos em jovens entre 11 a 19 anos por gravidez precoce, para tanto, acrescenta ser necessário que os educadores enquanto veículos do ensino se unam ás massas populares, pois, é lutando e agindo em conjunto com toda uma nação que estaremos exercendo nossa cidadania, esta que, ainda pode ser resgatada através da educação, se os educadores pensarem nela enquanto prática da liberdade, enquanto instrumento de mudança, por isso deve ser continua a educação sexual dentro das escolas.




REFERÊNCIAS



BRANDÃO, Zaia (Org.). A Crise dos Paradigmas e a Educação. 2a ed. São Paulo: Cortez, 1995. (Coleção questões da nossa época; v. 35).

COVRE, Maria de Lourdes Manzini. O que é Cidadania. São Paulo: Brasiliense, 2001.

DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Nacional, 1978.

FREIRE, Paulo. Educação Como Prática da Liberdade. 11º ed. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1980.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia : saberes necessários à prática educativa. 3. ed. São Paulo : Paz e Terra, 1997.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 28 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994 (Coleção Magistério. 2º Grau. Série Formação do Professor).

RODRIGUES, Alberto Tosi. Sociologia da Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

SAVIANI. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. 7ª ed. Campinas: Cortez. 2000.

SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia: Teorias da Educação, Curvatura da Vara, onze teses sobre a educação política. 35º ed. Revista Campinas, SP: Autores Associados, 2002 (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo, v.5)

Serapião,José Jorge. Fundamentos para uma visão interdisciplinar. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho..
PROFESSOR, MESTRE, DR. RICARDO RIPPEL


ALUNA: LAINE APARECIDA FROZA

FINS DA EDUCAÇÃO HUMANA

Laine Froza

RESUMO

O presente estudo tem como objetivo traçar um esboço sobre os fins da educação pedagógica. As mudanças na educação acompanham a evolução histórica da sociedade. O estudo sociológico visa apoiar as discussões sobre os pressupostos culturais (o moral corrente), pois sabe-se que a educação, seus fins e meios influencia e é influencia pela cultura de um povo. Em uma retrospectiva histórica, observa-se que o ensino pedagógico no Brasil foi direcionado em benefício das classes dominantes, mantendo dessa forma sua hegemonia e perpetuando seu poder sobre as classes inferiores. O crescente numero de mulheres que assumem o papel de provedora, após a revolução feminista dividindo assim com o pai alguns deveres. Com a ascensão da burguesia a força financeira e ideológica dessa classe vem crescendo, esmagando os interesses da população dominada. Sob o ponto de vista do capitalismo, desde á expansão das escolas, a finalidade da educação era formar e controlar a população em detrimento do mercado de trabalho. Em contrapartida a escola hoje necessita assumir um papel mais paternal do que maternal, torna-se necessário repessam nas grades curriculares e na formação de professores multidisciplinares para tratar de assuntos de sexualidade, drogas , DST e outros parâmetros novos do novo século, Durkheim apresenta inúmeros conceitos de educação fixados nos pressupostos da coletividade, enquanto Marx impulsiona crítica sobre a sociedade, agora explicitamente dividida em classes. Por fim, a contemporaneidade exige uma educação com finalidade crítica e discursiva, ao passo que adentrar o universo do conhecimento crítico é o passaporte para a cidadania tão almejada pelos que lutam por um país mais justo e igualitário, que alcance as necessidades psicossociais da população.

ABSTRACT











Purposes of Human EducationAbstract






The current study aims at drawing a sketch of the human education objectives. Since the changes in education follow the historical evolution of society, one resorts to the sociological study to bolster the discussions on cultural assumptions, since it is known that education in its ends and means affects and is affected by the culture of a people. When doing a historical retrospective, it is clear that, since the Industrial Revolution, Brazil has been influenced to direct the education for the benefit of the ruling classes. With the rise of bourgeois ideology, the financial strength of this class is growing and crushing the interests of the dominated people. From the point of view of capitalism, since the expansion of schools, the purpose of education was to train and control the population to the detriment of the labor market. By contrast, Durkheim presents several concepts of education set in the collective assumptions, while Marx drives critiques about the society, now explicitly divided into classes. Finally, the contemporarity calls for an education with critical and discursive purpose, while entering the world of critical knowledge is the passport to citizenship, so desired by those who strive for a fairer and more egalitarian country.











INTRODUÇÃO

As mudanças culturais que ocorrem na sociedade promovem transformações no processo educativo. Em cada período histórico notam-se modelos e metodologias didático-pedagógicos, direcionados á educação, cada qual, em consonância com os interessese agentes que a compõem, em confluência com a corrente ideológica virgente num determinado período histórico.

Neste sentido, a Sociologia contribui para estudar a sociedade, bem como compreender os processos de transformação que permeiam a humanidade, pois se encarrega da compreensão da realidade social. Compreender, analisar, criticar, e explicar os fatos, as estruturas e os processos sociais são desafios que estão colocados no cotidiano dos estudos sociológicos , a sexualidade nas escolas tem sido uma necessidade para o bom desenvolvimento social desde a infância. Embora falar de sexualidade torna-se complicado, há relatos de pais que ao saber que os filhos estão tendo essa educação a chamam de pornografia...quem educa enfrenta um grande paredão nessa instância.

É importante destacar que no panorama atual da sociedade, a educação surge como meio de promover a desalienação das massas populares, ou seja, compreender que independentemente de sua condição social todos são cidadãos de uma nação. Neste caso cabe á educação em sua finalidade introduzir os indivíduos ao conhecimento crítico e sistematizado.

Por fim, a educação em suas especificidades atuais deve, por si, trabalhar a capacidade crítica e reflexiva do educando de forma que este tenha a consciência dos problemas que se levanta contra a sua cidadania. Assim, capacitando-o á produzir e perceber amplamente os fatos sociais, impedindo que suas habilidades intelectuais se reduzam à mera capacidade do pensar instrumental, que transforma o trabalhador em uma mão-de-obra produtiva e dócil, com o mínimo de subjetividade ativa.Não a educação hoje , educar o homem para a vida não somente para o trabalho , segundo Jorge José Serapião devemos buscar um bom consenso de que o mundo cientifico de vanguarda tem utilizado uma terminologia nem sempre muito inelegível aos não iniciados no mundo pós modernos , tornando o trabalho do educador relutante quanto as gerações anteriores, onde o homem era educado apenas para o mercado de trabalho. Hoje Educa-se o homem em todos aspectos: Culturais, sociais, afetivos e intelectuais.











































OS FINS DA EDUCAÇÃO HUMANA

Analisando a história da humanidade percebe-se que ela caminha paralelamente com a educação e, conseqüentemente com a sociedade. Nesse sentido durante a história da educação encontramos vários autores que contribuíram para o desenvolvimento de metodologias de ensino que nortearam a finalidade da educação nas várias épocas, levando elaboração de inúmeros conceitos de didática, nas diversas áreas do ensino.

Comênio (1592-1670) foi o primeiro a desenvolver o termo Didática, em meados do século XVII, o ponto culminante de sua criação está centrado na difusão do conhecimento e nas regras de ensino, dividindo-os em quatro princípios: 1º) A finalidade da educação é conduzir à felicidade eterna com Deus; 2º) O homem deve ser educado de acordo com o seu desenvolvimento natural; 3º) A assimilação do conhecimento não acontece instantaneamente; e, por fim, o 4º) Método intuitivo, o qual parte da observação direta pelos órgãos do sentido, conforme esclarece Libâneo (1994):Nada se fala porém de qualquer ordem sexual, nesse período a sexualidade era totalmente recalcada pelas vias cristã.

O método intuitivo consiste, assim, da observação direta, pelos órgãos dos sentidos, das coisas, para o registro das impressões da mente do aluno. Primeiramente as coisas, depois as palavras. O planejamento de ensino deve obedecer o curso da natureza infantil; por isso as coisas devem ser ensinadas uma de cada vez. Não se pode ensinar nada que a criança não possa aprender. Portanto, deve-se partir do conhecimento para o desconhecido (LIBÂNEO, 1994, p. 58-59).
Considera-se que Comênio desempenhou papel fundamental na educação, os escritos deixados por ele permeiam a sua vontade de que todos pudessem usufruir os benefícios do conhecimento. No entanto, a prática educacional da Idade Média, século em que viveu, contradiziam sua vontade, ao passo que era composto de ensino verbalista e dogmático, centrado na repetição mecânica dos ensinamentos do professor. “Nessas escolas não havia espaço para idéias próprias dos alunos, o ensino era separado da vida, mesmo porque ainda era grande o poder da religião na vida social” (LIBÂNEO, 1994, p. 59).
Com o desenvolvimento da sociedade ocorreram mudanças significativas na forma de desempenhar a educação, com o fortalecimento da burguesia modificaram-se as exigências cobradas pelo mundo da produção e, conseqüentemente surge à necessidade de um ensino que “[...] completasse o livre desenvolvimento das capacidades e interesses individuais”mas não deixava de ser uma educação reprimida , o que interessava era o comercio e a expansão da burgusia. (LIBÂNEO, 1994, p. 59).
Surge à figura de Rousseau (1712-1778), inicialmente se preocupou com uma concepção nova de ensino, baseado nos interesses imediatos da criança. Seus ideais estão sintetizados sob duas formas: 1º) Preparar a criança para o futuro é prepará-la para suas necessidades atuais, surge então um novo modelo educacional, pois, assim, estarão despertando o gosto pelo estudo; 2º) A educação para ele é um processo natural, deve estar centrada no desenvolvimento interno do educando, aqui já havia um sinal de respeito pelo conhecimento total do sujeito e da sua interação com a sociedade.
Influenciado por Rousseau, Pestalozzi (1746-1827) foi considerado o “educador da humanidade”, preocupou-se com a formação do homem natural, contrariamente ao seu antecessor, buscou unir esse homem à sua realidade histórica.
O sistema pedagógico de Pestalozzi tinha como pressuposto básico propiciar à infância a aquisição dos primeiros elementos do saber, de forma natural e intuitiva. Foi considerado um dos precursores da educação nova que ressaltou a importância de se psicologizar a educação e defini-la em função das necessidades de crescimento e desenvolvimento da criança até mesmo a sexualidade. Há que se destacar, também, que seu projeto educativo tinha a “intuição” como fundamento básico para se atingir o conhecimento.
Por fim, as idéias dos pensadores citados anteriormente, Comênio (1592-1670), Rousseau (1712-1778) e Pestalozzi (1746-1827), influenciaram vários outros pedagogos, entre eles destaca-se Herbart (1766-1841), inspirador da pedagogia conservadora e influenciador da prática docente. O ponto culminante do estudo que desenvolveu está na análise do processo psicológico-didático de aquisição de conhecimentos impulsionado pelo professor.
Para Herbart a finalidade da educação é a moralidade, ao passo que o indivíduo aprenda a desempenhar seu papel na sociedade procurando sempre o que é bom e moral. “A principal tarefa da instrução é introduzir idéias corretas na mente dos alunos. O professor é um arquiteto da mente” (LIBÂNEO, 1994, p. 60).
Desejoso da formulação de um método único de ensino desenvolveu quatro passos didáticos, os quais deveriam ser seguidos, sendo estes:
[...] o primeiro seria a preparação e apresentação da matéria nova de forma clara e completa, que denominou clareza; o segundo seria a associação entre as idéias antigas e as novas; o terceiro, a sistematização dos conhecimentos, tendo em vista a generalização; finalmente, o quarto seria a aplicação, o uso dos conhecimentos adquiridos através de exercícios, que denominou método. (LIBÂNEO, 1994, p. 61).
Os seguidores de Herbart, bem como ele mesmo, ocasionaram o esclarecimento da organização da prática docente, entre eles, a “necessidade de estruturação e ordenação do processo de ensino, exigência de compreensão dos assuntos estudados e incompletos, também nesse momento a educação mais uma vez passa por uma nova concepção porém as questões relacionadas a sentimentos e sexualidade ainda são reprimidos, mas eles estavam preocupado com a não simplesmente a memorização, o significado da disciplina na formação do caráter” (LIBÂNEO, 1994, p. 61).
Por fim, ao fazer o resgate histórico da educação, percebe-se que cada período esteve arraigado á determinados fins e objetivos. Tal estudo fica mais claro ao analisar as tendências pedagógicas da educação, assim, cada qual tiveram início em contextos específicos, estas que acompanharam a evolução da sociedade, do antropocentrismo ao teocentrismo; do capitalismo ao neoliberalismo.

DURKHEIM: EDUCAÇÃO E SOCIEDADE
Para Durkheim a educação passa pelo processo social, ou seja, pelo percurso do homem na história. Neste sentido, ocupou-se em procurar uma clara definição do objeto e do método da Sociologia, chegando aos conceitos que nortearam a grandeza de suas obras. Assim, Durkheim desenvolveu sua teoria sobre os fatos sociais.
Para esclarecer seu pensamento Durkheim apresenta os fatos sociais como se fossem coisas, alega que as pessoas têm impressões contrárias sobre os fenômenos científicos, o que gera uma pré-noção, uma incerteza diante dos fatos sociais, de forma a caracterizar o senso comum, os hábitos e medos cotidianos de vida e também a sexualidade como um todo. Trata-se de uma postura intelectual, pois, essa “Coisa para ele é todo objeto de conhecimento que a inteligência humana não penetra de modo imediato, necessitando o auxílio da ciência” (RODRIGUES, 2001, p. 23).
Neste sentido, fatos sociais são fenômenos que exercem uma coerção exterior, de existência própria, manifestação e independência, ou seja, influenciam na vida dos indivíduos, no modo como a sociedade caminha, ou ainda evolui. Assim, a elite os define como fatores de pressão e obrigatoriedade social. “Toda vida social se dá, para Durkheim, nesse meio moral, que esta para as consciências individuais assim como os meios físicos estão para os organismos vivos” (RODRIGUES, 2001, p. 21).
É importante ressaltar que durante a vida social, os indivíduos concebem crenças, valores, concepções de certo e errado, enfim, um emaranhado de informações que influenciará o pensamento de cada um e de todos, mas a sexualidade ainda era um grande tabu e Assim o autor diz: Durkheim alega que jamais o homem poderá entender a sociedade ao passo que é um fragmento dela, dessa forma, acrescenta que o todo tem precedência sobre as partes “A consciência coletiva existe através das consciências particulares. Cada um não é nada sem a outra” (RODRIGUES, 2001, p. 25).
Sobre a consciência coletiva Durkheim destaca que a vida coletiva não provém apenas do agora, mas deve ser analisada também desde as gerações passadas, sendo estas, deixaram heranças nos pensamentos e costumes de um todo ou seja admite-se que o meio interfere na educação do sujeito.
A conseqüência da análise da sociedade sob o ponto de vista de Durkheim, resvala para a construção de uma educação que leve ao convívio social, ou seja, para a vida. Ainda acrescenta á este o conceito de solidariedade, garantindo sua existência em meio às pessoas com pouca divisão do trabalho, como, por exemplo, numa tribo indígena, em que todos praticam as mesmas tarefas, como caça e pesca. “O tipo de solidariedade que se estabelece entre essas pessoas é o que Durkheim chama de solidariedade mecânica. As pessoas estão juntas por que fazem as mesmas coisas” (RODRIGUES, 2001, p. 28).
Já a solidariedade orgânica baseia-se nas diferenças sociais, onde cada indivíduo tem uma tarefa, um papel, uma divisão econômica, de gênero, raça e são dependentes uns dos outros para sobreviver, onde um complementa o outro em diversos setores na sociedade industrial. “O tipo de solidariedade que se estabelece entre os indivíduos com este elevado grau de divisão do trabalho não pode ser a mesma solidariedade dos índio na tribo” (RODRIGUES, 2001, p. 28-29).
Neste sentido, pode-se dizer que o individualismo é um fenômeno presente nas sociedades modernas, pois, nesta, cada indivíduo preocupa-se com si mesmo, buscando sua sobrevivência através do trabalho por si, não pensando nos outros, ou seja, no bem social, assim, o homem não acreditando depender dos outros se apega cada vez mais ao individualismo. Nesse sentido tem –se buscado cada vez mais uma escola com uma educação mais ampla, multidisciplinar e afetiva principalmente, no atual momento a escola ocupa o papel de acolher o outro e dar-lhe todas as informações necessárias para sua sobrevivência
Pensamentos como este pode, segundo Durkheim, acabar com a sociedade, o que ainda não ocorreu porque resta um pouco de consciência coletiva entre os membros da sociedade, ainda acrescenta o autor que esta diferenciação social prejudica a evolução positiva da sociedade, no entanto, a educação é também passada de geração em geração, com o intuito de prepara o ser humano para a vida, ou seja, para o convívio social, sendo ela, também a única esperança do resgate da consciência coletiva, o que podemos chamar de educação não formal, aquela que a família inicialmente fornece com a soma do toda vivência social.
A FINALIDADE DA EDUCAÇÃO SOB A PERSPECTIVA DE MARX

Marx ao analisar o processo histórico da humanidade buscou a relação entre o homem e a natureza, bem como o homem entre si, para tanto, tomou como ponto inicial o trabalho humano, acrescentando que “[...] a divisão do trabalho não é uma simples divisão de tarefas (...) Ela é também a expressão da existência de diferentes formas de propriedade no seio de uma sociedade num dado tempo histórico” (RODRIGUES, 2001, p. 39).
Seus estudos o levaram a concluir que o trabalho humano modifica a natureza e, conseqüentemente modifica as relações entre os homens, pois, o homem adapta á natureza a si, criando meios de sobrevivência, desenvolvendo tecnologias inovadoras no universo da produção. Ao fazer uma retrospectiva histórica Marx chegou à divisão do trabalho, que, por sua vez, dividiu a sociedade em classes dominantes e classes dominadas, gerando conflitos entre elas, sendo denominadas por Marx como motor do processo histórico humano. “[...] mais uma vez, pode-se afirmar que Marx reserva ao sujeito coletivo e, portanto, à iniciativa humana, um papel fundamental no processo histórico” (BRANDÃO, 1995, p. 40).
Neste sentido, em conseqüência da situação das relações de trabalho, Marx chegou ao campo educacional, avaliou a situação em que se realizava a educação e percebeu que, as classes dominadas e dominantes firmavam separações também na escola, ou seja, as classes dominadas eram oferecidas uma educação medíocre, inacabada, para que os dominantes pudessem os manter como classe trabalhadora, assim, recebiam da escola apenas as informações mínimas necessárias para realizarem seu trabalho, muitas vezes manuais. Assim, a educação assume um duplo sentido, “Conforme o conteúdo de classe ao qual estive exposta, ela pode ser uma educação para a alienação ou uma educação para a emancipação” (RODIGUES, 2004, p. 49).
Em relação às classes dominantes a educação baseava-se na preparação para o trabalho intelectual, de forma a mantê-los no poder, ou seja, quem detinha educação de qualidade era a burguesia. Portanto, partindo dessa relação que Marx definiu a educação, alegando que ela é diferenciada de uma classe social para outra, ao passo que os conteúdos eram ensinados de acordo com a clientela da escola, dependendo também da situação econômica dos que a integravam.
Por fim, ainda acrescenta o autor que, em toda sociedade dividida em classes, aquela que domina faz tudo para não perder sua condição, para isso, os dominantes utilizavam o convencimento, ou seja, a ideologia, sendo esta, as idéias disseminadas para convencer a todos que a estrutura social posta é verdadeira e deveria ser seguida. Assim, convém ressaltar que “[...] o mundo da sociedade, assim, como o homem, são o produto da ação histórica do próprio homem” (BRANDÃO, 1995, p. 44).
Assim, a ideologia era e ainda é passada através dos meios de comunicação, das escolas, igreja, enfim, em qualquer lugar que seja manipulado pelos dominantes, sobre o assunto, destaca o autor que “A ideologia, portanto é aquele sistema ordenado de idéias, de concepções, de normas e de regras (com base no qual as regras jurídicas são feitas) que obriga os homens a comportarem-se segundo a vontade do sistema” (RODRIGUES, 2001, p. 46).
Porém, Marx ressalta que a ideologia é uma falsa consciência dos indivíduos, pois, estes não têm pensamento próprio e vivem de acordo com as idéias e condições que lhes são impostas, assim, a corrente continua, em que os maiores dominam os menores e, os dominados vivem de acordo com o que lhes é imposto sem se dar conta da realidade, os únicos prejudicados neste processo á a classe dominada, ainda acrescenta o autor: “Para Marx essas representações implicam, [...] numa consciência invertida, pois, se prendem á aparência e não são capazes de captar a essência das relações às quais os homens estão de fato submetidos” (RODRIGUES, 2001, p. 42).



























EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA: ESPAÇO PARA A CIDADANIA

Sobre os fins da educação humana é importante reconhecer a ação educativa como processo regulador da sociedade humana, tendo esta, o objetivo de preparar os indivíduos para desempenhar seu papel social na vida coletiva, bem como reproduzir suas condições de existência com o trabalho. O eixo norteador de todo o processo de formação do indivíduo está no conjunto das ações educativas desenvolvidas pelos educadores, os quais, a família, escola e sociedade se apropriam.
Preparar os indivíduos para a vida social são atributos de responsabilidade educativa, em consonância com a finalidade da educação no tempo e espaço em que a sociedade se situa. Assim, o período contemporâneo trás no bojo de suas ações educativas um conceito mais amplo sobre os fins da educação, almejando formar cidadãos críticos e autônomos que possam atuar sobre seu meio e transformar sua realidade, em outras palavras, seria o mesmo que capacitá-los para o exercício da cidadania.
Neste sentido, é importante destacar que a educação sempre esteve fortemente ligada ás necessidades da vida política, econômica e social do país, neste caso, a questão da cidadania surge como foco principal no discurso dos educadores e de estudiosos da educação como Paulo Freire, Demerval Saviani, Maria de Lourdes M. Covre, entre outros. Para maior clareza do estudo, na seqüência apresenta-se a definição do termo cidadania e sua aplicabilidade no campo social.
Covre (2001) para esclarecer o que é ser cidadão, recorre ao contexto histórico da formação da sociedade onde, o ponto culminante se encontra na tempestuosa ascensão da burguesia em contraposição ao feudalismo. A partir da revolução Francesa surgem a Cartas Constitucionais e com elas a efetivação do Estado de Direito, o que gera grande conflito, pois provém de objetivos diferentes dos instauradas até o momento no regime monárquico.
Em decorrência disso os movimentos promovidos pela burguesia foram definitivos para estruturar o conceito de cidadania “[...] assim, creio que uma forma de compreender a cidadania é ver como ela se desenvolve juntamente com o capitalismo” (COVRE, 2001, p.21). A revolução Protestante do século XIV representada por Lutero, impulsionou a valorização do trabalho, alegando que o homem não devia trabalhar por trabalhar, mas sim o fazer produtivamente. Essa ideologia influenciou a classe burguesa, estes entenderam que “[...] o empresário deve trabalhar, viver asceticamente e acumular” (COVRE, 2001, p.22). A revolução de 1688 na Inglaterra forneceu meios para dar maior significado ao capitalismo, chegando na França um século depois.
Intelectuais deram suas contribuições para o estudo da cidadania, tais como, John Locke (1632-1704) ao destacar a propriedade do corpo passa a indicar quem realmente é cidadão. Rousseau (1712-1778) quando escreve “O Contrato Social” propõe a preservação dos direitos e deveres de todos os homens e por fim Kant (1727-1804) conceitua sua concepção de cidadania no que diz respeito ao Estado de Direito, pois, segundo ele, este pode assegurar o desenvolvimento necessário para o progresso da humanidade.
Ainda, Covre (2001) ao basear-se no materialismo-histórico, não poderia deixar de citar Marx (1818-1883) que em seus estudos destaca que o trabalhador não escolhe em que condição vai trabalhar enquanto necessita dar alimentação, educação e saúde para sua família, partindo dessas observações denuncia a exploração do homem pelo capitalismo.
Destaca Covre (2001) que no período contemporâneo o conceito de cidadania tomou um aparente aspecto democrático no âmbito do pensamento interno da população, com isso, surgem os sindicatos por meio da organização dos trabalhadores que obtiveram sucesso conquistando a diminuição das jornadas de trabalho e aumento dos salários. O que conseqüentemente provocou reações do poder dominante aumentando a aquisição de tecnologias para diminuir a necessidade de manter o homem no mercado de trabalho.
Para analisar a cidadania no Brasil Covre (2001) traça uma trajetória de análise partindo do período militar. O golpe de 1964 provocou grande declínio nas conquistas democráticas até determinado momento, permanecendo até a década de 80. Para dar aparência de que estava atendendo as necessidades do cidadão o governo promoveu financiamentos para subsidiar a casa própria, a saúde privada, faculdades particulares, entre outras coisas que na verdade atenderam aos aspectos do desenvolvimento levado para o monopolismo, o que atendeu as necessidades de uns e não da população em geral.
Por fim, diante do exposto, é valido acrescentar que para o homem conquistar sua liberdade e autonomia enquanto cidadão de uma sociedade democrática é necessário que se faça revoluções no interior das esferas públicas, o que nas palavras de Paulo Freire (1987) significa sair da posição de oprimido e assumir um papel crítico na sociedade. A concepção do trabalho de Orientação Sexual, como instrumento preventivo da AIDS, da gravidez precoce, do aborto e das DSTs vem passando por inúmeras transformações, encontrando muita dificuldade para introduzir a educação sexual nas escola. Seu espaço está sendo discutido intensamente - seja na família, seja na escola, seja na comunidade. A própria expressão "Educação Sexual" já caiu em desuso, e os especialistas se perguntam: é possível educar alguém sexualmente? Atualmente, o termo mais aceito no meio de Helena Lima, bióloga, psicóloga e mestre em psicologia, é o de Orientação Sexual, campo, aliás, que tem crescido entre os profissionais de saúde e educação. A concepção do trabalho de Orientação Sexual, como instrumento preventivo da AIDS, da gravidez precoce, do aborto e das DSTs vem passando por inúmeras transformações. Seu espaço está sendo discutido intensamente - seja na família, seja na escola, seja na comunidade. A própria expressão "Educação Sexual" já caiu em desuso, e os especialistas se perguntam: é possível educar alguém sexualmente? Atualmente, o termo mais aceito no meio de Helena Lima, bióloga, psicóloga e mestre em psicologia, é o de Orientação Sexual, campo, aliás, que tem crescido entre os profissionais de saúde e educação. Educação Sexual, como qualquer processo educativo, apresenta efeitos e resultados demorados, muitas vezes só observados após muito tempo e, certamente não tem o poder de transformar todas atitudes e comportamento dos jovens.
"O fundamental é a possibilidade de se desenvolver um trabalho educativo positivo, de valorização humana, mesmo que limitado o seu alcance, através de uma intervenção pedagógica adequada, que possibilite ao jovem capacidade de escolha e a eliminação de sentimentos de culpa", explica o Multirio.
Eles alertam, no entanto, para o fato de que, mesmo ressaltando a importância da educação sexual como uma prática educativa de liberdade, esta abordagem nem sempre tem cumprido estes objetivos. "Além de, muitas vezes, limitar-se à veiculação de informações de caráter puramente biológico ou preventivo, no que se refere ao controle das doenças sexualmente transmissíveis, gravidez e outros inconvenientes sociais, pode, também, difundir atitudes repressivas moralistas que impliquem num comportamento reprodutivo adequado à política demográfica". A falta de sucesso da educação sexual se da por conta de não ser uma disciplina como qualquer outra, não, ela deve ser feita com planejamento político pedagógico e ser inserida nas disciplinas. Tanto a saúde como a escola tem falhado quanto essa questão. Palestras não chegam internalizar e assim fica insuficiente para ser chamado de educação sexual. Segundo Paulo Freire a educação sexual deve fazer parte desde o começo da alfabetização.




A Finalidade da Concepção Histórico-Crítica: um novo olhar para a educaçãoA partir do momento que a democracia se instalou no Brasil, surge à necessidade de uma educação que não descuidasse da vocação ontológica do homem, a de ser sujeito, uma educação que o ajudasse em sua emersão e o inserisse criticamente no seu processo histórico, libertando-o pela conscientização. Essa educação ao significar um esforço para chegar ao homem-sujeito se fixa como ameaça aos setores privilegiados, em que o racionalismo representa perigo. Para ajudar as crianças, jovens e adultos a integrarem nessa educação e cultura é preciso fazer com que estes organizem reflexivamente seus pensamentos, fazendo que assumam formas de ação, também críticas, identificadas com o clima de transição.

O homem é um ser situado e temporalizado, a instrumentalização da educação depende da harmonia entre a vocação ontológica desse ser situado e temporalizado e as condições especiais dessa temporalidade e situacionalidade. Se a intenção da educação é levar o homem á ser sujeito e não objeto, só poderá desenvolvê-la na medida em que conscientizar a população que é preciso refletir sobre suas condições espaço temporais, introduzindo-se nelas, de maneira crítica.

Segundo Paulo Freire (1997), toda prática educativa envolve uma postura teórica por parte do educador. Tal postura, às vezes, implica em uma concepção dos seres humanos e do mundo, onde o processo de orientação envolve, na maioria das vezes, desejos, pensamentos, linguagem e ação transformadora.

Sempre em busca de um humanismo nas relações entre os homens, à educação, sob o olhar de Paulo Freire, tem como objetivo ampliar a visão de mundo do educando, isso acontece a partir do momento que a relação professor/aluno é mediatizada pelo diálogo, não no monólogo daquele educador que acredita saber mais, o qual deposita o conhecimento, como algo quantificável naquele que pensa saber menos ou nada. “A atitude dialógica é, antes de tudo, uma atitude de amor, humildade e fé nos homens, no seu poder de fazer e de refazer, de criar e de recriar” (FREIRE, 1987, p. 81).

Nesse sentido, Freire (1987) confirma que o diálogo parte de três princípios: educador, educando e o objeto de conhecimento. A indissociabilidade entre essas três “categorias gnosiológicas” é um princípio presente no Método a partir da busca do conteúdo programático. O diálogo entre elas começa antes da situação pedagógica propriamente dita. A pesquisa do universo vocabular, das condições de vida dos educandos é um instrumento que aproxima educador-educando-objeto do conhecimento numa relação de justaposição, entendendo-se essa justaposição como atitude democrática, conscientizadora, libertadora, daí dialógica.

Pode-se dizer que os fins da educação contemporânea são conscientizar para a prática democrática, para a formação cidadã e autônoma do homem. Nesse sentido, o educador devera ter uma formação em vista de uma relação pedagógica com sujeitos, trabalhadores ou não, com marcadas experiências vitais que não podem ser ignoradas e, isso tem como finalidade a permanência do educando na escola, pois passará a ver o ensino com conteúdos trabalhados de modo diferente, com métodos e tempo intencionados no perfil do aluno.

Freire (1987) ressalta que a luta pelo direito do ser humano, pelo trabalho livre, pela afirmação dos homens como pessoas, só é possível porque a desumanização não é um destino dado, mas resultado de uma “ordem” injusta que gera a violência dos opressores.

Neste sentido, podem-se ver algumas contradições em relação aos oprimidos e opressores, onde a violência dos opressores torna-os desumanizados, levando os oprimidos, a qualquer momento lutar contra quem os fez menos. Esta luta só tem sentido quando o ser menos, ao buscar sua humanidade, não se sinta também um opressor, mas sim um reconquistador da humanidade em ambos (ser mais e ser menos); sendo aqui a grande tarefa humanista e histórica dos oprimidos e a finalidade da educação para as massas populares, se libertar a si e aos opressores.

Com base no exposto, Freire (1987) propõe na obra Pedagogia do Oprimido sistematizar as necessidades educativas para a sociedade atual, para que a escola colabore para a formação de cidadãos críticos e autônomos, bem como para conscientizar as massas populares de sua libertação, para que não sejam oprimidos pela ideologia dominante.

Freire (1987) considera que vivemos numa sociedade dividida em classes, sendo que os privilégios de uns, impedem que a maioria usufrua os bens produzidos, o autor ainda acrescenta a esse aspecto que a educação é um dos bens produzidos e necessários para a concretização da vocação humana do ser mais, da qual é excluída grande parte da população do Terceiro Mundo. Nesse sentido refere-se a dois tipos de pedagogia: a pedagogia dos dominantes, onde a educação existe como uma prática de dominação e a pedagogia do oprimido, na qual a educação reaparece como prática da liberdade.

Nesse sentido, a pedagogia do dominante é fundamentada em uma concepção bancária de educação, (predomina o discurso e a prática, na qual, quem é o sujeito da educação é o educador, sendo os educandos, como vasilhas a serem cheias; o educador deposita “comunicados” que estes, recebem, memorizam e repetem), da qual deriva uma prática totalmente verbalista, dirigida para a transmissão e avaliação de conhecimentos abstratos, numa relação vertical, o saber é dado, fornecido de cima para baixo, e autoritária, pois manda quem sabe. Na educação bancária o educador é sempre o que sabe, enquanto os educandos serão os que não sabem. A rigidez destas posições nega a educação e o conhecimento como processo de busca.

Insiste Freire (1987) que na educação problematizadora, não se transfere conteúdos, mas sim se compartilha experiências, construindo seres críticos através do diálogo com o educador. Nessa perspectiva, o mundo é visto com uma nova margem, pois, não é algo que se fala com falsas palavras, mas objeto do conhecimento do educando ao qual o sujeito se insere e integra.

Outro ponto importante na discussão de Freire (1987) é o fato de considerar que o movimento para a liberdade deve surgir e partir dos próprios oprimidos, e a pedagogia decorrente será aquela que tem de ser forjada com ele e não para ele, enquanto homens ou povos, na luta incessante de recuperação de sua humanidade. Vê-se que não é suficiente que o oprimido tenha consciência crítica da opressão, mas, que se disponha a transformar essa realidade, dessa forma, trata-se de um trabalho de conscientização e politização.

Neste sentido, a Educação como Prática da Liberdade Freire (1980) propõe uma educação com consciência crítica, ou seja, a criticidade tem que fazer parte da educação, esta que, deve ser feita como prática da liberdade. O homem existe no tempo e na história e tem domínio dos mesmos. É com toda a experiência adquirida durante a história e o tempo que o homem se lança no domínio da história e da cultura. O homem quando lhe falta à liberdade, torna-se um ser acomodado ou ajustado a um sistema imposto com ideologias de imposição.

Paulo Freire fala da sociedade fechada, comandada por um mercado externo, por isso alienada pelo povo, pois é o objeto, não o sujeito de si mesmo. O homem e suas elites vêm pendendo para a sectarização antidialogal porque para eles nada se cria e não respeitam a opção dos outros, se acham os donos da razão e se colocam na história como se fossem os únicos propulsores de alguma coisa. Através deles começa–se a redução do povo a massa, pois para os sectários o povo não conta nem pesa, porque nunca farão uma revolução libertadora porque também não é livre.

O início democrático do país é a humanização do povo brasileiro, sendo esta a finalidade da educação na atualidade, devendo começar pela consciência crítica dessa massa esmagada e alienada, o povo em si. Cabe às elites o senso de verdadeiros representantes dirigentes, que estão cada vez mais se identificando com o povo, comunicando-se com ele pelo seu testemunho e pela ação educativa, só assim, ajudará a sociedade a evitar possíveis distorções a que está sujeita na marca do seu desenvolvimento. Mas não é isso que acontece, cada vez que o povo procura se pronunciar é tido como enfermo e que precisa de remédio e assim é visto que a saúde dessa estranha democracia é o silêncio e quietude do povo.
















CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, cabe acrescentar que as discussões sobre os fins da educação humana revelam um emaranhado de proposições, ideologicamente fundamentado na massificação e dominação da sociedade, fato que sempre ocorreu no Brasil.

Em contrapartida, atualmente a questão da ideologia dominante está perdendo forças diante das denúncias de educadores e escritores humanitários, entre eles encontram-se as obras de Paulo Freire, o qual desvela as macetas de uma sociedade individualista e opressora, a essência de seus escritos apresenta-se fundamentado na inter-relação entre o sujeito e a situação das políticas sociais e culturais que resvalam para nossa época, é sabido que, em termos de dominação cultural, encontramo-nos acorrentados ao discurso dos que manipulam nossa sociedade á várias gerações, em conseqüência disso somos resultado de um país em que poucos chegam às escolas e às Universidades, poucos tem acesso ao conhecimento crítico.

A proposta de Freire para os fins da educação é que ela seja propulsora do resgate da cidadania em todos os sentidos, lembrando que a principal evasão escolar se dá pela gestação precoce, sem contar o número de óbitos em jovens entre 11 a 19 anos por gravidez precoce, para tanto, acrescenta ser necessário que os educadores enquanto veículos do ensino se unam ás massas populares, pois, é lutando e agindo em conjunto com toda uma nação que estaremos exercendo nossa cidadania, esta que, ainda pode ser resgatada através da educação, se os educadores pensarem nela enquanto prática da liberdade, enquanto instrumento de mudança, por isso deve ser continua a educação sexual dentro das escolas.







REFERÊNCIAS



BRANDÃO, Zaia (Org.). A Crise dos Paradigmas e a Educação. 2a ed. São Paulo: Cortez, 1995. (Coleção questões da nossa época; v. 35).

COVRE, Maria de Lourdes Manzini. O que é Cidadania. São Paulo: Brasiliense, 2001.

DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Nacional, 1978.

FREIRE, Paulo. Educação Como Prática da Liberdade. 11º ed. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1980.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia : saberes necessários à prática educativa. 3. ed. São Paulo : Paz e Terra, 1997.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 28 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994 (Coleção Magistério. 2º Grau. Série Formação do Professor).

RODRIGUES, Alberto Tosi. Sociologia da Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

SAVIANI. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. 7ª ed. Campinas: Cortez. 2000.

SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia: Teorias da Educação, Curvatura da Vara, onze teses sobre a educação política. 35º ed. Revista Campinas, SP: Autores Associados, 2002 (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo, v.5)

Serapião,José Jorge. Fundamentos para uma visão interdisciplinar. Rio de